Relator da CPI revela CNPJ usado pelo MST para receber doações milionárias do governo

Registrou que o MST levantou quantia de quase R$2 milhões em doações do governo federal

O MST não tem um CNPJ, mas se utiliza de um. É o que revelou a inquirição do relator da CPI do MST, deputado Ricardo Salles (PL-SP), ao líder nacional do movimento, João Pedro Stédile. O levantamento feito por Salles apurou a soma de R$2 milhões em doações feitas pelo poder público à Associação Brasil Popular (Abrapo), que segundo o relator, detém a administração de diversos setores ligados ao movimento presidido por João Pedro Stédile. A Associação está inscrita sob o CNPJ 07.696.592/0001-77.

  “A Abrapo, sob a rubrica do MST, faz manejo de recursos, administra documentos, conta bancária, detém o registro do site e assume outros compromissos pelo movimento”, afirmou.  

Ao declarar desconhecimento sobre a gestão da entidade, Stédile continua a ser inquerido pelo deputado paulista: “O senhor quer convencer esse plenário que, na qualidade de liderança máxima do MST, o senhor não conhece a empresa que recebe os recursos de pagamentos do movimento, o senhor não conhece o grupo de celebração de acordos e percepção de recursos?”.

O questionamento de Salles foi, aparentemente, um dos momentos mais desgastantes para a base do governo. Enquanto o relator contextualizava as questões sobre a associação em tela foi possível ouvir a deputada Gleisi Roffmann (PT-PR) cochichar: “O tempo de liderança precede”, como se combinasse com alguém a interrupção da fala de Salles. Dito e feito: a deputada, logo, ergueu a voz e solicitou ao presidente da Comissão seu tempo de liderança, que foi negado em observância ao direito do relator.

Outro cochicho possível de se ouvir pelos microfones indiscretos da TV Câmara partiu da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ): “gente, não é possível, vê uma questão de ordem aí”, pressionou colegas e assessores na intenção de tumultuar a fala em curso.  Diante da resposta mal elaborada de Stédile ao dizer que não tem obrigação sobre os valores doados, a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) insiste, sem êxito: “tempo de liderança do Psol”, clamou.

 O que os companheiros de Stédile tentaram abafar, o relator escancarou: doações que totalizam, no escopo do recorte apresentado, quase R$ 2 milhões.

Diário do Poder

 

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