Luz vermelha acesa e correria na campanha de Gastão Vieira

       gastão O deputado federal Gastão Vieira tem motivos de sobra para estar preocupado com a sua campanha ao Senado Federal, quando estamos apenas a seis dias das eleições. O grave conflito em que se envolveu com o então companheiro de chapa Raimundo Monteiro, defenestrado do processo eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral por conta de processo em que é indiciado por improbidades administrativas, quando Superintendente do INCRA, por conta de denúncias do próprio Gastão Vieira, se constituiu no estopimApesar de ter sido coagido a desistir e apresentar renúncia para a indicação de um substituto, o presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores entrou no TSE com embargo de declarações, em que pede informações mais claras sobre o impedimento de concorrer ao pleito de domingo próximo. Como a candidatura de Gastão Vieira continua sub-judice, mas deve ter um desfecho antes de domingo, ele acabou perdendo importantes apoios e mais precisamente de uma ala do PT, que decidiu seguir Raimundo Monteiro pulando do barco de Gastão e Lobão Filho.

        O pessoal de campanha de Gastão Vieira tem reclamado a falta de apoio da governadora Roseana Sarney e do próprio senador José Sarney, que poderiam ter intercedido a evitado que o problema tomasse rumos sérios, inclusive de desmotivação. Outra questão que é bastante preocupante reside em que vários candidatos a deputados estaduais e federais da sua coligação já estariam assumido a candidatura do seu principal opositor.

         Gastão Vieira, que sempre foi criticado por falta de lealdade com muitos companheiros e inclusive o próprio grupo Sarney, já estaria em pânico tentando reverter uma situação bastante difícil. A verdade é que a luz vermelha esta acesa e acorreria é muito grande.

CEMAR, OI, TVN e NET prejudicam obras da SMTT na Jerônimo de Albuquerque

gordoAo ser cobrado hoje, sobre a falta de celeridade nas obras de alargamento da pista da avenida Jerônimo de Albuquerque no trechoCohafuma – Curva do 90, o secretário Canindé Barros, de Trânsito e Transporte, disse que precisa fazer a remoção de um poste da Citeluz, de um local para outro, mas está encontrando dificuldades para a retirada das redes de várias empresas, destacando entre elas a CEMAR, OI, NET e TVN, que já foram informadas há mais de 60 dias e simplesmente estão ignorando a solicitação. Elas têm demonstrado um total desinteresse, prejudicando seriamente a conclusão de um importante benefício reclamado pela sociedade, disse o engenheiro Canindé Barros, salientando que o problema já está na assessoria do órgão para que sejam adotadas as providências que se fazem necessárias. Enquanto é dificultada a execução das obras, a SMTT tem sérios prejuízos com a fixação de um efetivo considerável de guardas municipais no local para garantir o fluxo do trânsito.

Prisões: O não-debate das eleições 2014

Há um tema que os programas e os debates eleitorais não mostram de maneira adequada. Um lugar que nenhum candidato visita. Cerca de 550 mil brasileiros que não aparecem nas pesquisas de opinião. Um pedaço substantivo da realidade brasileira que, apesar de crescer exponencialmente, ano a ano, recebe poucas linhas nos programas de governo. É o sistema prisional que, apesar de concentrar problemas e violações, ainda é abordado de forma simplista, seja na corrida aos cargos do Executivo, seja na disputa pelas vagas do Legislativo.

A reportagem foi publicada pelo portal Conectas

“Esse tema é visível apenas quando serve de base para a defesa de propostas supostamente ‘duras contra o crime’, que não surtem efeito, não levam em conta a complexidade do cenário e não reconhecem o fracasso de décadas de encarceramento”, afirma LuciaNader,  Diretora Executiva da Conectas. “Pensar o sistema prisional é pensar o sistema de Justiça e em todos os mecanismos que reproduzem a exclusão e a violência. Ignorá-lo ou tratá-lo de maneira irresponsável, como os candidatos vêm fazendo, é jogar para escanteio um dos mais graves e complexos desafios da realidade brasileira, com repercussões nos três poderes e em todos os níveis da federação”, completa RafaelCustódio, coordenador de Justiça da organização.

A importância do tema ultrapassa o debate nacional. Na semana passada, por exemplo, o Brasil teve de responder no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, às denúncias de relatório produzido pelo Grupo de Trabalho sobre prisão arbitrária. Segundo os especialistas, o País utiliza a prisão como regra, e não exceção – o que gera impactos desastrosos em todo o sistema, entre eles a superlotação e o alto índice de presos sem condenação definitiva.

Além dos poderes executivos estaduais e federal, o tema tem incidência direta no trabalho legislativo. Estão no Congresso propostas que podem desmontar as políticas de encarceramento em massa denunciadas pelas Nações Unidas ou, ao contrário, multiplicar o seu alcance e seu impacto negativo na sociedade. “É urgente que esses temas e propostas voltem a ocupar o debate político e se reverta uma estratégia que há muito se provou falida”, diz Custódio.

Diante desse quadro, Conectas apresenta aos principais candidatos à presidência e ao governo de São Paulo 10 medidas urgentes para o sistema prisional – uma lista de compromissos imediatos que atualiza e contextualiza propostas pelas quais a Conectas atua cotidianamente.

O que acontece hoje nas prisões brasileiras 

Ao contrário do que prega o senso comum, o Brasil prende muito e mal. Em dezembro de 2012, nossa população carcerária era de 548 mil pessoas – a quarta maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Rússia – segundo dados oficiais do Infopen (Ministério da Justiça). A diferença com relação a esses países é que, contrariando a tendência de queda, a taxa de encarceramento do Brasil,  que calcula o número de presos por cada 100 mil habitantes, apenas cresce. Nesse quesito, já ocupamos a terceira posição entre os países mais populosos.

A insustentabilidade dessa política de encarceramento em massa, operada por uma estrutura policial herdada da ditaduramilitar, é agravada por pelo menos dois grandes fatores: o déficit de vagas, que já supera 230 mil, e a taxa de presos provisórios, que hoje somam 41,8% de toda a população carcerária brasileira.  Em geral, são pessoas com restrito acesso à justiça que respondem a crimes sem violência e poderiam aguardar julgamento fora da prisão – o que, de uma só vez, melhoraria o acesso à defesa e desobstruiria o sistema.

Nesse cálculo, a atual Lei de Drogas (de 2006) opera como um multiplicador. Desde o início de sua aplicação, o número de pessoas presas com base na nova norma cresceu 320%. Hoje, 42% das mulheres e 24% dos homens presos respondem a crimes relacionados às drogas. Antes de sua aprovação, esses índices eram, respectivamente, de 24,7% e 10,3%.

Ao contrário do que possa parecer, esse aumento não demonstra a eficiência da lei, mas, ao contrário, o aprofundamento da penalização de jovens negros e pobres das periferias. “Grande parte do contingente que passou a ocupar os presídios depois de 2006, por conta da nova norma, não tinha antecedentes e foi detido com pequenas quantidades de droga.”, explica Custódio.

Esse aumento substancial na quantidade de pessoas atrás das grades não foi acompanhado por uma melhora nos canais de acesso à Justiça. Segundo levantamento de 2013 da Anadep (Associação Nacional de Defensores Públicos) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), faltam defensores públicos em 72% das comarcas do País. O desequilíbrio entre os diferentes atores do sistema de justiça também chama atenção: o Brasil conta hoje com 11,8 mil juízes, 9,9 mil promotores e apenas 5 mil defensores – um balanço que coloca em risco o direito de defesa. Só no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, cada defensor é responsável por 2,5 mil processos criminais.

Esse cenário é agravado pela falta de um instrumento que permita contato entre o detido e juiz logo após a prisão – o que, ao mesmo tempo, inibiria maus-tratos e tortura e ampliaria a chance da pessoa presa de responder o processo em liberdade. A chamada audiência de custódia já está prevista na Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o País é signatário, mas sua criação ainda depende da aprovação de Projeto de Lei do Senado (554/2011).

A falta de controle do judiciário sobre o processo de detenção e encarceramento é uma das evidências da caixa-preta que impede o escrutínio público do sistema. Isso acontece porque, apesar de concentrarem violações, os presídios ainda são lugares quase inacessíveis para a sociedade civil. Hoje, mesmo órgãos como o Conselho Nacional de Justiça enfrentam dificuldades na hora de entrar – problema que pode ser atribuído, sobretudo, ao controle político dos diretores das unidades pelas secretarias de administração penitenciária.

A sanção de um projeto de lei criando o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura em agosto de 2013 abriu um importante caminho para o fim dessa blindagem. O novo órgão, que atende a compromisso firmado pelo Brasil na ONU em 2007, será composto por 11 peritos com acesso irrestrito a todos os locais de privação de liberdade no País. Importante ressaltar, no entanto, que sua efetividade depende da multiplicação do modelo nos estados. Hoje, apenas o Rio de Janeiro possui um Mecanismo de Prevenção à Tortura em Funcionamento.

Espera-se que a mesma independência seja adotada pelos órgãos periciais, hoje vinculados às secretarias de segurança pública – uma situação clara de conflito de interesses que pode gerar uma atuação corporativista dos peritos, especialmente em casos de maus tratos. Dotá-los de autonomia não só daria mais transparência ao trabalho das polícias, como garantiria o cumprimento do Protocolo de Istambul, ratificado pelo Brasil, que senta as bases para a identificação e a investigação de crimes de tortura.

Sem esses bloqueios será possível diagnosticar com mais precisão as principais mazelas do sistema prisional. E as informações disponíveis hoje mostram que o quadro é amplo e profundo, com um leque amplo de pautas. Uma das mais graves é a atenção à saúde nas unidades. Segundo dados do Ministério da Justiça, em dezembro de 2012 havia apenas um clínico geral para cada 1,5 mil presos.

A falta de estrutura afeta de maneira especialmente grave a mulher encarcerada – muitas vezes desrespeitada, inclusive, no direito de exercer a maternidade adequadamente. Apenas 15 médicos ginecologistas atendem as 31 mil mulheres presas de todo o País. E há inúmeros casos de bebês que são retirados de suas mães e enviados para abrigos sem que a genitora tenha ciência de todo esse processo.

A mesma fotografia desoladora é encontrada no acesso à educação, uma das principais ferramentas contra a reincidência (hoje ao redor de 60%, segundo a Unicef). Em São Paulo, Estado que abriga 35% dos presos do País, apenas 5,7% frequentam as aulas. A falta de oferta contrasta com a demanda potencial: 56% dos internos não completaram sequer o ensino fundamental. No Brasil, o índice de engajamento de presos em atividades educacionais é de apenas 8,6%.

O quadro no acesso ao trabalho é similar. Hoje, apenas 20,4% dos presos brasileiros realizam algum tipo de trabalho interno ou externo. E o afastamento do mercado continua fora das prisões. As política públicas para a reinserção do egresso são limitadas e incapazes de suplantar os estigmas que envolvem o encarceramento. Muitos deles, por sua condição financeira, também não conseguem pagar as multas estipuladas pela Justiça e ficam impedidos de regularizar sua documentação – o que dificulta o processo de busca por emprego.

10 medidas urgentes para o sistema prisional

Para confrontar esse cenário, há pelo menos 10 medidas que podem ser adotadas de maneira imediata.

Leia aqui o documento na íntegra. 

1. Redução drástica dos índices de encarceramento

– Substituição de penas de prisão de até oito anos por medidas alternativas (hoje previstas somente para penas de até quatro anos), o que representaria redução imediata de cerca de 25% da população carcerária brasileira, e nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça.

– Reformas profundas na política de segurança pública para que a atividade de inteligência policial seja priorizada e focada nos crimes mais graves, e no modelo de polícias existente, para que sejam todas desmilitarizadas.

2. Controle social do sistema carcerário

– Implementação do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, conforme previsto em protocolo firmado pelo Brasil na ONU, e criação de mecanismos estaduais independentes e com integrantes selecionados por meio de consulta pública, nos moldes dos tratados internacionais ratificados pelo País.

-Criação de lei federal que garanta e fomente a inspeção das unidades prisionais por entidades de proteção dos direitos humanos.

– Fortalecimento da atuação dos Conselhos da Comunidade – órgãos da execução penal compostos apenas por representantes da sociedade civil – para que possam exercer seu papel de fiscalizadores das condições do cárcere.

– Criação e fortalecimento das ouvidorias do sistema penitenciário, que devem ser externas e autônomas.

– Fim imediato das revistas vexatórias de familiares nos presídios masculinos e femininos.

3. Fim do uso abusivo da prisão provisória e criação da ‘audiência de custódia’

Fomento e cobrança do Poder Judiciário e dos ministérios públicos na aplicação efetiva da Lei das Medidas Cautelares (12.403/2011), que prevê alternativas à prisão provisória.

– Incentivo às ações do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no monitoramento do abuso na aplicação da prisão provisória.

– Aprovação do Projeto de Lei do Senado 554/2011 que cria a audiência de custodia, impondo prado de 24 horas para que o preso em flagrante seja apresentado ao juiz, na presença de seu defensor, para a análise da necessidade de prisão. Essa medida também serviria na prevenção de eventuais maus tratos e é prevista no Pacto de San Jose da Costa Rica, ratificado pelo Brasil.

4. Acesso à Justiça

– Fortalecimento e autonomia financeira às defensorias públicas estaduais e da União.

– Ampliação do número de defensores públicos e do quadro de apoio (assistentes sociais, psicólogos, sociólogos) para atuarem prioritariamente em estabelecimentos prisionais e delegacias de polícia.

– Instalação de sistema eletrônico que permita o acompanhamento dos processos pelos próprios detentos nas unidades prisionais.

5. Redução do impacto da Lei de Drogas no sistema prisional

– Construção de nova política sobre drogas, alterando a legislação para que o uso seja descriminalizado.

– Aplicação de penas alternativas para pequenos traficantes (dependentes financeiros ou químicos que comercializam drogas por sua vulnerabilidade social).

6. Tratamento digno às mulheres encarceradas

– Garantia do direito à maternidade e ao convívio familiar. Ampliação maciça do número de pediatras que realizam acompanhamento de saúde dos recém-nascidos que ficam na companhia da mãe presa.

– Assistência material adequada, com distribuição de itens de higiene.

7. Efetivação do direito à educação e ao trabalho

– Ampliação maciça da oferta de educação e trabalho como instrumentos de reintegração social.

8. Políticas públicas para egressos das prisões

– Implantação de medidas de auxílio a egressos em sua reentrada no mercado de trabalho, além da criação de redes de atendimento psicossocial a ele e a seus familiares.

– Criação de cotas para egressos e presos em regime semi-aberto e aberto em contratos celebrados pela administração pública para a realização de obras e serviços.

– Fim da cobrança de multa após o cumprimento da pena de prisão para que o egresso não tenha dificuldades para regularizar seus documentos.

9. Efetivação do direito à saúde

– Transferir ao SUS a gestão da saúde do sistema prisional e prestar assistência material aos presos em quantidade e qualidade suficientes.

10. Institutos médicos legais independentes das secretarias desegurança pública

– Desvinculação dos institutos médicos legais e da própria perícia criminal dos órgãos de polícia repressiva, em observância ao Protocolo de Istambul, ratificado pelo Brasil.

Rede Justiça Criminal

Como membro da Rede Justiça Criminal, que reúne nove entidades de direitoshumanos, Conectas também assinou agenda de propostas para o fortalecimento das alternativas penais no Brasil. O documento, que vem sendo discutido com todos os candidatos à Presidência, atesta os problemas das políticas de encarceramento em massa e aponta 13 caminhos para a promoção de “ uma política sólida e permanente de alternativas penais”.

Fonte IHUSINOS

Francisco lança sua campanha contra pedófilos e cúmplices na Igreja

PapaNo Vaticano, cada ação, e até mesmo cada gesto, por banal que possa parecer, inclui também uma mensagem, um aviso para navegantes mais ou menos subliminar. E a decisão sem precedentes do papa Francisco de ordenar a detenção – à luz do dia e expondo as graves acusações – do ex-arcebispo polonêsJosef Wesolowsky, acusado de abusar sexualmente de menores enquanto foi núncio na República Dominicana, inclui duas sérias advertências aos setores mais retrógrados da Cúria, os mesmos que agora se entrincheiram para impedir qualquer abertura – a volta aos sacramentos dos divorciados casados de novo –, mas permaneceram cegos, surdos e mudos durante décadas de abusos.

A reportagem é de Pablo Ordaz, publicada pelo jornal El País

A primeira advertência de Jorge Mario Bergoglio é que, agora sim, acabou a frouxidão – para não dizer a cumplicidade – com os crimes de pedófilos. A segunda é a garantia de que, ainda que se removam os alicerces de São Pedro, ninguém, por mais importante que seja, vai se salvar de ser julgado por fatos tão graves. O Papa já havia alertado no fim do mês de maio, durante o voo de volta de sua viagem à Terra Santa: “Há três bispos sob investigação e outro, já condenado, de quem estou estudando a pena. Na Argentina, chamamos os privilegiados de ‘filhos de papai’. Posso assegurar a vocês que, sobre esse assunto tão grave, não haverá filhos de papai”. Agora, com duas decisões coordenadas no tempo – a detenção de Wesolowsky e a defenestração do monsenhor Livieres Plano, bispo de Ciudad Del Este (Paraguai), por encobrir um padre argentino acusado de pedofilia –, o papa Francisco transformou em fatos suas frequentes palavras e gestos contra a pedofilia no seio da Igreja. Nos muros do Vaticano, que tantas vezes ofereceram refúgio, esquecimento e imunidade diplomática a delinquentes vestidos de batina, Francisco colocou uma placa que vem a dizer: “Não se admitem pedófilos nem encobridores”.

Uma decisão política que enfureceu alguns -– o bispo Livieres Plano chegou a dizer que o Papa “terá que prestar contas com Deus” –, que preocupa tantos outros – inclusive entre os escolhidos por Bergoglio para renovar a Cúria há pessoas, como o cardeal australiano George Pell, que foram investigadas por abusos no passado – e que, no entanto, para alguns parece ser a única saída (ainda que dolorosa) para uma Igreja que seja capaz de pregar com o exemplo. Para o cardeal Velasio de Paolis, a decisão de Francisco sobre o ex-arcebispoWesolowsky marca efetivamente um antes e depois: “Até agora, a Igreja não julgava o crime de um pedófilo do ponto de vista criminal, só disciplinar. Os abusos sexuais contra menores eram uma violação da disciplina eclesiástica. Por isso, a prisão do arcebispo Wesolowsky é uma forte e inequívoca decisão política de Francisco. Deve ser julgado como qualquer outro criminoso. E a pena terá um efeito duplo: punitivo e exemplar para o bem comum”.

Uma condenação que, segundo os dados que estão sendo revelados, não será difícil de ditar. Porque – e aqui está outra novidade – a Santa Sé, tantas vezes uma fortaleza inexpugnável para proteger a privacidade de seus assuntos, parece nesta ocasião menos preocupada em evitar os vazamentos sobre o processo aberto contra Wesolowsky. Segundo se tem conhecimento, ele possuía mais de 100.000 fotografias e vídeos de pornografia infantil, mais outros 45.000 arquivos que já teria apagado. Nas imagens, que estavam distribuídas entre o computador da nunciatura e seu laptop, aparecem menores – principalmente meninos, mas também meninas – entre 13 e 17 anos.

Os investigadores também tiveram acesso ao depoimento de meninos que explicaram de que forma o polonês – que foi expulso do sacerdócio em junho – os abordava em algumas praias da República Dominicana, os levava em seu carro a uma casa alugada de frente para o mar e oferecia dinheiro para que tirassem a roupa e tivessem relações entre eles ou com adultos enquanto gravava com o telefone celular.

Uma simples olhada nos lugares nos quais o alto prelado – que, segundo os investigadores, acessava “de forma experiente e compulsiva” as páginas mais infames da Internet – esteve destinado como embaixador do Vaticano oferece uma perspectiva muito preocupante: além da República Dominicana, Josef Wesolowsky foi núncio na Bolívia e na Ásia Central. A Interpol também já está investigando a trajetória criminal do prelado, e há investigações abertas tanto na Polônia como na República Dominicana. Desde sua fuga de Santo Domingo até a detenção na terça-feira passada, o ex-arcebispo polonês gozou de liberdade de movimentos em Roma, a ponto de – já com o escândalo sendo noticiado nas televisões dominicanas – o bispo auxiliar de Santo Domingo, Víctor Masalles, ter encontrado Wesolowsky passeando tranquilamente pelo centro da capital italiana. “Para mim foi uma surpresa”, escreveu em sua conta no Twitter, “verWesolowsky passeando pela VíadellaScrofa em Roma. O silêncio de Igreja tem ferido o povo de Deus”.

Lançado guia com medidas para garantir proteção de quem denuncia ato de corrupção

mala

Está disponível no portal do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o Guia para o Uso do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH) na Proteção de Denunciantes de Atos de Corrupção. O documento apresenta recomendações gerais para instituições públicas e órgãos de defesa dos direitos humanos sobre como garantir a integridade de testemunhas e jornalistas que denunciam atos corruptos. Também reúne informações sobre quais são as garantias e estruturas disponíveis dentro do sistema interamericano de proteção aos direitos humanos para essas pessoas. Clique aqui para acessar o manual.

A cartilha, lançada na última semana pelo Ministério da Justiça, integra os trabalhos da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), composta por diversos órgãos, entre os quais o CNJ, com o objetivo de aperfeiçoar a prevenção e o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. Para a conselheira Luiza Frischeisen, que representa o CNJ na Enccla, o guia é um bom instrumento para procuradores, juízes, gestores, e todos aqueles que desejam contribuir com o combate à corrupção. “As pessoas devem saber o que fazer para denunciar esses crimes, como fazer e, principalmente, que existem formas de denunciar e de garantir a integridade desses denunciantes e testemunhas, inclusive no âmbito internacional”, explica.

O documento apresenta as obrigações internacionais e os deveres dos Estados para impedir represálias aos denunciantes e mostra em que casos é possível recorrer ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH). O SIDH é composto pela Comissão (CIDH) e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, que fiscalizam a forma como os países integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) cumprem as obrigações impostas pelo Direito Internacional nessa área.

A CIDH é um órgão quase judicial que pode conhecer denúncias, ordenar medidas cautelares, emitir relatórios, realizar audiências e visitar países com o intuito de garantir o cumprimento de acordos internacionais ligados aos direitos humanos. Já a Corte é um tribunal internacional que soluciona litígios entre Estados e supostas vítimas.

Medidas de proteção – De acordo com o texto do manual, elaborado pelo professor de direitos humanos da Faculdade de Direito da Universidade do Chile, Cláudio Nash Rojas, a princípio, uma denúncia deve originar na concessão imediata de algumas medidas básicas de proteção, como assessoria legal e a garantia de confidencialidade do denunciante. Entre as normas relevantes para proteção dessas pessoas, está o tempo de proteção de uma testemunha, que deve durar pelo período que persistir o perigo, assim como a proteção policial e a mudança de endereço, caso seja necessário.

Integração – A Enccla foi criada em 2003 para articular os esforços de órgãos públicos que previnem, fiscalizam e combatem a corrupção e a lavagem de dinheiro. Sob coordenação da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, cerca de 70 órgãos do Poder Executivo, do Legislativo e do Judiciário, além do Ministério Público, traçam metas anuais para aperfeiçoar as políticas públicas de combate aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Lançamento – Participaram da cerimônia de lançamento do guia, na última semana, o vice-presidente da Corte Interamericana, Roberto Caldas e o delegado Ricardo Saadi, do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Desde a criação do órgão, há 10 anos, já foram repatriados R$ 40 milhões desviados por atos de corrupção ou lavagem de dinheiro.

Os palestrantes reforçaram a obrigação do Estado de estimular quem pretende delatar atos de corrupção, assim como garantir a integridade dos denunciantes e das testemunha, e criar estruturas que impeçam represálias e o risco de vida de quem decidiu revelar crimes contra a administração pública.

“A corrupção atinge o pilar da igualdade entre os cidadãos; viola o direito ao serviço público, destrói a confiança e afasta os cidadãos da esfera pública”, afirmou o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, durante a cerimônia de lançamento da cartilha.

Fonte CNJ

‘É preciso levar os criminosos aos tribunais’

“O que é que vocês estão esperando no Brasil para julgar os criminosos?” A cobrança é deEstela de Carlotto, presidente da entidade Avós da Praça de Maio, que, por 37 anos, buscou seu neto desaparecido depois da morte da filha nas mãos da ditadura militar argentina. Em agosto, ela encontrou seu neto, Guido, e diz que a busca pela verdade é a única garantia de que os crimes do passado não sejam repetidos. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida em Genebra, na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

A entrevista é de Jamil Chade, publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo

Eis a entrevista.

Qual a importância da busca pelo passado nas sociedades latino-americanas?

Nos países que não se resolvem as questões do passado, o risco é que os crimes voltem a ocorrer. Enquanto não se esclarece o que ocorreu durante as ditaduras latino-americanas, não podemos falar em democracia plena. O país que esquece sua história corre o risco de repeti-la. Em todo o continente, vimos casos de ditaduras que mataram, sequestraram e torturaram, mas o que vemos é que, em muitos lugares, a única resposta tem sido apenas a criação de uma Comissão da Verdade, que faz um trabalho histórico e entrega um relatório. E isso acaba assim, sem qualquer consequência.

As comissões da verdade não têm um papel importante?

Sim, têm. Mas não é suficiente. Essas pessoas envolvidas nos crimes precisam ser punidas. É preciso levar os criminosos aos tribunais.

Como a sra. vê o processo no Brasil?

Muito lento. O relatório feito nos anos 80, conhecido como Tortura NuncaMais, relatou tudo. O que mais precisa ser sabido se esses documentos já revelaram toda a tortura? Qual a dúvida? Por que não ter a coragem de ir adiante em processos judiciais? O que é que vocês no Brasil estão esperando para julgar os criminosos?

É possível que alguns dos netos que vocês procuram estejam no Brasil?

Sim. Encontramos netos no México, no Paraguai, na Espanha. Eles foram levados pequenos e não descarto nada. Vou ao Brasil nas próximas semanas para conversar com as famílias das vítimas. O movimento no Brasil enfrenta sérias dificuldades. Não existe um impulso político. Não existe um movimento social como na Argentina. É verdade que não foram 30 mil desaparecidos, como na Argentina, mas é curioso que eu ia ao Brasil nos anos 80 para pedir ajuda. Eu fui a São Paulo para uma visita do papa João Paulo II. Entregamos ao cardeal Paulo Evaristo Arns documentos para que ele entregasse ao papa sobre os crimes na Argentina. Depois, fui muitas vezes ao Brasil para falar com exilados argentinos. Queríamos saber o que eles tinham visto nas prisões, se tinham visto mulheres grávidas dando à luz.

O que a sra. deseja para a família que recebeu o seu neto?

Isso cabe à Justiça. Os tribunais precisam determinar quem foi o responsável pelo sequestro, porque a família o aceitou receber. Não temos juízo nem a favor e nem contra essa família. Ela cuidou dele com muito amor. A questão é saber se ela teve responsabilidade. Por todos esses anos, fizemos nosso trabalho sem o sentimento de vingança. Nossa reparação é restituir a identidade dessas pessoas roubadas.

A sra. falou com a família que recebeu seu neto?

Não cabe a mim esse contato. Entendo meu neto, que diz amá-los. Eles o trataram muito bem e o criaram bem. Mas não cabe a mim falar com eles.

Como a sra. ficou sabendo que encontraram seu neto?

Foram 37 anos de buscas. De repente, uma juíza me ligou e disse: “Estela, tenho uma notícia muito boa. Encontramos o seu neto”. Ela me disse assim, sem anestesia. Eu saltava de felicidade, gritava. Até agora, estou vivendo essa emoção. Chorei muito.

E a reação dele?

Num primeiro momento, ele disse que precisava pensar. Mas, no dia seguinte, veio me ver. Nos reunimos em casa, com meus filhos, e ele chegou com sua companheira. Ao entrar em casa, dei um abraço nele e ele me disse: “Vamos com calma”. Mas, depois de horas conversando, ao se despedir, ele disse: “Até logo, vovó”. Isso foi o máximo que eu poderia esperar. Desde então, o levo em meu coração todos os dias. Laura, minha filha, pode finalmente descansar em paz.

Agora, com um papa argentino, chegou a hora de o Vaticano colaborar com a luta?

Sim. E a Igreja sabe disso. Estamos em negociações para conseguir os arquivos da Igreja. Muitos no clero eram cúmplices. Irmãs em conventos recebiam os netos sequestrados e os davam para outras famílias. Elas sempre souberam o que estavam fazendo.

O papa já deu algum sinal de que pode colaborar?

Sim. Eu estive com ele no ano passado e vou voltar a me reunir com ele logo mais. Ele está disposto a ajudar

Fonte – IHUSINOS

Mazelas da administração de Sebastião Uchôa continuam vivas dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas

Imagem1

Monitores do Complexo Penitenciário de Pedrinhas fizeram manifestação contra as mazelas dentro das unidades prisionais

Com a morte do monitor Isaac William Montes, o ex-secretário Sebastião Uchôa acrescentou ao seu currículo mais um assassinato no Sistema Penitenciário elevando o total para 86, no pequeno período de um ano e meio. Os conflitos dentro das unidades prisionais continuam e a revolta é decorrente de que os presos se acostumaram a não ficar recolhidos às celas e ter muitos privilégios, principalmente os das áreas da Casa de Detenção, da Penitenciária de Pedrinhas e do Cadeião do Diabo e não aceitam a nova determinação. No último sábado eles quebraram dois blocos da Casa de Detenção e no domingo arrebentaram o Bloco D da Central de Custódia de Presos de Justiça de Pedrinhas, onde foi encontrado um túnel. Os presos estão por meio dificultando as revistas, principalmente pelas suspeitas de que existem armas de fogo dentro das unidades prisionais.

Com a morte do monitor Isaac William Montes, ocorrida no último sábado depois de mais um mês hospitalizado, depois de ter sido baleado dentro da Casa de Detenção por um detento. Hoje monitores decidiram para fazer uma paralisação em frente ao Sistema Penitenciário de Pedrinhas, solicitando melhores condições de trabalho e garantia de direitos para o exercício de uma atividade de elevado risco de vida. O movimento pacífico transcorria normalmente, acompanhado à distância pela Policia Rodoviária Federal, quando inesperadamente o major da Força Nacional, Alessandro Frankie Borges Ribeiro, ocupante do cargo de Superintendente Administrativo do Sistema Penitenciária impôs ao GEOP, que uma força de serviços internos dos presídios a intervir na manifestação exigindo ações de forças com muitas bombas de efeito moral. Como o GEOP é formado por agentes e inspetores penitenciários, o Sindicato dos Agentes Penitenciários foi acionado ao o local para manifestar o seu protesto e cobrar providências da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária, a razão da continuidade do militar em cargo de confiança da SEJAP, uma vez que está no Maranhão por determinação do Ministério da Justiça, o que impede totalmente do exercício da função administrativa.
A iniciativa do major foi justamente colocar em choque monitores e agentes penitenciários, procurando criar um conflito entre os dois segmentos dentro do Sistema Penitenciário. Não duvidem se ação não foi orquestrada por quem deseja a destruição total do Sistema Penitenciário e tenta criar problemas para a nova administração, temendo naturalmente a apuração da corrupção deslavada praticada na instituição com contratos e convênios viciados, responsáveis pelo desvio de dezenas de milhões de reais.
Esquema para inviabilizar a nova administração da SEJAP
Para se avaliar as articulações que continuam mantidas, uma mulher que se identifica como pastora evangélica, que era conhecida negociadora dos interesses de Cláudio Barcelos, na Casa de Detenção e que também se beneficiava da corrupção, agora está infiltrada dentro da Central de Custódia de Presos de Justiça do Anil. Dizendo que foi transferida para o local pela Coordenação de Assistência Religiosa, quer ter ingerências na direção da unidade, e vem orientando presos contra a administração do presidio. Como procedimentos de tal natureza eram comuns na administração passada, os servidores temem que a mulher esteja passando drogas e armas para presos, uma vez que não pode ser revistada.
Diante dos fatos, nos sabemos perfeitamente que o novo secretário Paulo Rodrigues da Costa, não iria encontrar facilidades diante dos vícios e da corrupção deslavada em que a instituição foi impregnada de maneira perversa e destruidora, mas como defensor público e da necessidade de parcerias tem que dar uma celeridade para a mudança total nas diretorias das unidades e na Secretaria Adjunta Penitenciária e enquadrar a Força Nacional, que até pouco tempo era bem distante do Complexo de Pedrinhas, limitando-se a se manter alojada no estádio Castelão e só comparecia aos presídios quando acionada para dar apoio ao GEOP e a Policia Militar, as forças de frente, e que não recebem as compensadoras diárias pagas a eles.
Uma questão que precisa ser devidamente apurada reside na ausência da fiscalização nas unidades prisionais por parte do Ministério Público e dos Juízes das Varas das Execuções Penais. Há pelo menos mais de cinco meses os presos da maioria das unidades prisionais do Complexo de Pedrinhas, estão fora das celas, tendo grande parte delas destruídas, o que inclusive proporcionou ao diretor da Penitenciária de Pedrinhas vender mais de uma tonelada de grades e embolsar o dinheiro, o que mais uma demonstração da verdadeira esculhambação que era a administração de Sebastião Uchôa, detentor de um currículo de 86 assassinatos e 120 fugas no período de um meio e meio de administração na SEJAP. Se durante o período citado os magistrados das VEP’s e os promotores públicos estiveram no local, devem ter se esquecido de observar princípios emanados da Lei das Execuções Penais, e com certeza teriam evitado muitos problemas como assassinatos e fugas.

Com a extinção da EMATER-MA Roseana Sarney acabou com a pequena agricultura e criou bolsões de miséria no campo

Imagem2

A Emater do Maranhão tinha aproximadamente 100 escritórios iguais ao da foto. Todos foram construídos com recursos do Banco. Mundial

Quando eu vejo a propaganda politica, identifico muitas figuras que foram de fundamental importância para o avanço da miséria e da fome no Maranhão. O processo teve inicio com o senador José Sarney à época Presidente da República, para atender interesses de empresários do agronegócio exigiram e foram atendidos para a extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater. Os governadores de quase todos os estados brasileiros reagiram com a exceção do Maranhão, que se manteve silencioso e compactuou a determinação do Palácio do Planalto, o que não seria diferente com o Executivo Estadual entregue à governadora Roseana Sarney.
Estados como o Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul eo Distrito Federal dentre outros decidiram manter as suas Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural. Elas avançaram, desenvolveram tecnologias e chegaram mais perto dos pequenos agricultores familiares e promoveram uma verdadeira revolução no campo, proporcionando a que a agricultura familiar responda por mais de 70% dos alimentos que estão nas mesas dos brasileiros todos os dias. Conseguiram fazer com que milhões de famílias mudassem de vida ganhando dinheiro e ampliando os seus negócios. Os filhos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais tiveram oportunidades de cursar faculdades e inúmeros depois de formados retornaram para o campo e ampliaram os negócios da família.
Seguindo o compromisso assumido pelo então presidente José Sarney com o agronegócio, a governadora Roseana Sarney, sem ter a mínima noção do que era a extensão rural no Maranhão, extinguiu a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Maranhão –Emater-Ma. O patrimônio da empresa era acentuado, bastando citar a sede estadual era no local que hoje é ocupado pela Secretaria de Segurança Pública. Contava também com 13 escritórios regionais e mais de 125 escritórios locais, quase todos com sedes próprias construídas através de convênios da Embrater com o Banco Mundial. A extinção proporcionou a que o governo através dos seus gestores lançarem mãos de todo o patrimônio, com desvios de veículos, móveis, parque gráfico e tudo de valor material que havia dentro dos escritórios do interior e da capital. O processo utilizado para a extinção do Serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural do Maranhão, foi bastante doloroso para os seus servidores, muitos ficarem doentes, outros indignados e revoltados e a maioria do corpo técnico altamente capacitado, decidiu seguir outros rumos, inclusive indo embora do Maranhão e outra parte permanece no Sistema de Agricultura. Houve até tentativas do governo em copiar o modelo e as metodologias da Emater-Ma, mas por falta do processo de investimentos e capacitação, nada prosperou.

Imagem3

A família da foto em que faltam outros membros teve a sua casa incendiada por jagunços de um politico na cidade de Bacabal, por se recusar a abandonar uma área de posse. O fato foi registrado no ano de 1996.

Foi a partir da extinção da Emater-Ma, que a governadora Roseana Sarney decidiu punir a população do meio rural maranhense. Além de tirar deles a assistência técnica e produção de alimentos, escancarou uma grande porteira para os conflitos agrários. Os políticos e empresários do agronegócio da soja, do gado, do milho e da cana de açúcar decidiram com o integral apoio do Governo do Estado, expulsar milhares de famílias das suas posses centenárias. As práticas delituosas, que ainda permanecem são executadas mediante as forças de jagunços e até da Policia Militar, mandados judiciais mediante ações em que não constam cadeias dominiais de terras, fraudes em cartórios e muitos casos em que a pistolagem mostra a violência.

As famílias de pequenos trabalhadores e trabalhadoras rurais passaram a viver à própria sorte, e se não fosse a atuação determinada da Comissão Pastoral da Terra, os problemas teriam sido maiores, mas a pistolagem matou muita gente inocente, que queria apenas ter o direito a sua posse de terra para dela retirar o pão de cada dia. Hoje a resistência está entregue à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura – Fetaema, que lidera o Movimento Sindical Rural, que por sua vez enfrenta políticos, grileiros, latifundiários em defesa dos direitos, da honra e da dignidade de homens e mulheres do meio rural.

A última referência nacional que o Maranhão mereceu na produção de alimentos, foi no governo Luís Rocha, quando conseguimos ser o segundo maior produtor de arroz do Brasil, com a maior parte da produção vinda da pequena agricultura assistida pela Emater-Ma. Hoje o Maranhão não produz nada e a governadora Roseana Sarney tenta vender a imagem que o agronegócio promove o desenvolvimento, quando se sabe que ele não gera emprego e muito menos desenvolvimento, mas é muito útil para as campanhas políticas dos atrelados ao poder.

De acordo com levantamentos feitos pelo Fetaema, há dois anos, no nosso Estado já havia mais de 700 mil pessoas em plena miséria sem qualquer renda. A maioria é de homens e mulheres expulsas do campo pela violência exacerbada sempre acobertada por políticos e o próprio governo. Para exemplificar, o Grupo Suzano Papel Celulose tão exaltado pela governadora Roseana Sarney, já conseguiu expulsar tanta gente na região do Baixo Parnaíba, que não se tem ideia real numérica. O que causa maior indignação é que ele tem incorporado aos seus patrimônios em nove municípios da região do Baixo Parnaíba, terras devolutas e que são do conhecimento do ITERMA.

Outras sérias causas da violência no meio rural dimensionada pelo governo de Roseana Sarney, e que precisa ser avaliada com a devida responsabilidade, reside na inserção de milhares de famílias expulsas das suas áreas de posses, que foram perambular e engrossar bolsões de miséria nas sedes de municípios e na capital. Os jovens se tornaram presas para a inserção na criminalidade, pela falta de qualificação profissional e as necessidades urgentes de subsistência. As mulheres não tiveram outra oportunidade a não ser ingressar na prostituição e os homens foram facilmente cooptados pelo submundo do vício e da perdição. Os reflexos do aumento de viciados e contraventores nos municípios e na capital estão diretamente ligados à perversa exclusão social a partir expulsão de milhares de famílias para atender interesses de grileiros, principalmente os políticos e empresários do agronegócio, acobertados pelas mais diversas instituições estaduais e federais, principalmente o INCRA.

Fonte: AFD – Matéria publicada em setembro de 2014

Aldionor Salgado para sempre…

ALDIONORAldionor Salgado sempre estará entre nós

De ontem para hoje, confesso que não consegui dormir, pensando no amigo fraterno e solidário Aldionor Salgado. Tudo vem tona, o seu sorriso, a sua maneira carinhosa de tratar os colegas de camaradas e aquela expressão bem afetiva de colocar as mãos sobre o ombro das pessoas para fazer importantes observações. Fazia análises realistas da conjuntura politica municipal e estadual e nacional e delineava caminhos, entendimentos, fatores, negociações e sempre chegava a uma determinação. Era detentor de uma larga experiência nos movimentos sociais, participando de muitas lutas em defesa de direitos e dignidade humana, principalmente de pessoas pobres e oprimidas.
Era portador de uma lucidez nas leituras que fazia da realidade, que acabavam influenciando os amigos a rever os seus pontos de vistas, ou até mesmo enriquecê-los com algo do seu cabedal de conhecimentos. Recordo-me perfeitamente das inúmeras vezes em que ficamos sentados na calçada em frente ao prédio em que moro, conversando muitas vezes por mais de duas horas sobre politica, preocupação com a situação de colegas doentes e sugerindo organização da classe para intervir com a participação nas questões politicas e sociais do Estado. A sua visão e sensibilidade para com o próximo era de tal forma, que sempre me perguntava se tinha informações de algumas pessoas que ele não as via há algum tempo.
Em 1996, quando tomei a decisão de me aposentar e deixar a EMATER-MA, fui trabalhar no jornal o Debate, do amigo Jacir Moraes. Pouco tempo depois, Aldionor assumiu a direção editorial do matutino. Eu fazia uma coluna diária e ele foi muito importante para eu dar uma melhor referência as matérias, lembrando que as criticas devem existir e não muito ácidas, e os elogios podem ser substituídos pelos reconhecimentos. Mais tarde integrei a sua equipe de jornalismo na Secretaria de Comunicação do Município.
Hoje pela manhã quando cheguei à Câmara Municipal e abracei Mariana, não consegui conter a emoção e com Lili não foi diferente. Pelo ser humano que foi e pela grande sensibilidade que tinha para o com próximo, tenho a plena certeza de que foi recebido na Glória da Casa do Pai, merecendo o Reino de Deus. Suas lembranças foram, continuam e serão semeadas por todos nós que tivemos o privilégio de conhecê-lo e privar da sua amizade e das suas importantes observações no campo profissional. A verdade é que Aldionor Salgado estará para sempre entre nós.

Depois de terem visto de como se compra votos, jovens fazem campanha em defesa do voto democrático

Hoje fui procurado hoje por duas pessoas, que participaram de uma reunião com dois candidatos, sendo um a deputado estadual e o outro a federal, ambos integrantes do grupo do candidato a governador Lobão Filho. A reunião foi marcada por uma cobrança bastante deliberada dos dois, os quais pediram bastante empenho para a execução de um trabalho mais voltado para tentar convencer eleitores que decididos a votar em Flávio Dino, mudem o voto e caso não aceitem o Lobão Filho votem em outro candidato, orientando-os a defenderem votos para eles dois, mediante uma pequena compensação em dinheiro, que eles conduzirão para mudar a consciência do eleitor.
O que mais indignou os dois jovens foi maneira criminosa com que se comportavam os dois parlamentares, inclusive bem conhecidos pelos grandes desserviços prestados ao Maranhão, além de serem bem conhecidos pela exacerbada subserviência politica. Conseguimos deixar a reunião antes de termos os nossos nomes, endereços e números de títulos anotados por uma secretária bastante arrogante. Os dois jovens refletiram que o poder vem se mantendo em torno de um grupo que promove a desgraça do nosso estado, com a transformação das pessoas em massa de manobra através da corrupção.
Eles consideram o fato assistido, como uma grande lição e estão organizando um grupo para trabalhar junto aos mais diversos segmentos da sociedade civil pelo voto consciente, em que as pessoas escolham os seus candidatos e votem livremente. Já tiveram oportunidade de encontrar pessoas que já receberem adiantamentos em dinheiro para pagar passagem de coletivo e para o lanche e elas depois de conversar com o grupo não votará no que tentou comprar a sua consciência, mas no que ela acha que pode ser melhor para o Maranhão. O grupo iniciado pelos dois jovens já chega perto de 50 pessoas, que está nas ruas e principalmente nas comunidades mais pobres, fazendo um importante trabalho em favor da democracia e no direito do voto livre. Os dois rapazes que têm 21 e 22 anos, e que prestaram as declarações contidas neste texto, me solicitaram que não revelasse os nomes dos dois deputados e muito menos os deles, por temerem retaliações.