O preso Rafinha, depois de morto e antes da operação macabra
Matéria datada do dia 07.08. Devido aos problemas de manutenção no site do Quarto Poder, desde a última sexta-feira ficamos fora do ar, mas as matérias estão sendo postadas com a observação necessária.
No momento em que o secretário Sebastião Uchôa, da Justiça e Administração Penitenciária era enaltecido pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Arnaldo Melo com o título de cidadão maranhense, que inclusive não conseguiu destacar serviços prestados ao Maranhão pelo homenageado, mais um assassinato era descoberto dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. O candidato a vice-governador com o apoio da governadora Roseana Sarney, também deu destaque ao deputado Raimundo Louro, ficha suja pelo Tribunal de Contas do Estado, pela autoria da proposição do título ao secretário.
O preso Rafael Alberto Gomes, conhecido por Rafinha, estava recolhido ao presidio São Luís 1, sendo que desde a última terça-feira já havia conversas sobre o seu desaparecimento. O GEOP foi chamado, a segurança interna fez a conferência dos presos e informou que tudo estava normal e que se tratava de alarme falso de detentos. Com uma revista geral dentro da unidade prisional, foram apreendidos vários celulares e em um deles aparece a foto de Rafinha. As investigações iniciais com a constatação do desaparecimento, nas últimas horas da manhã de ontem, deram conta que o preso foi morto e depois teve o seu corpo mutilado e desovado nas lixeiras das unidades prisionais. Com o assassinato de Rafinha, chega a 20 o número de presos assassinatos no presente exercício no Sistema Penitenciário do Maranhão, que somados aos 60 no ano passado, com duas barbáries, atinge 80 mortes, em apenas um ano e cinco meses da administração de Sebastião Uchôa na direção da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária.
Caso semelhante ao desaparecimento do preso Ronalton Rabêlo
O modus operandi, utilizado para a execução de Rafinha, teria sido idêntico ao empregado para a morte do preso Ronalton Silva Rabelo, que estava recolhido ao presidio São Luís 2, e que já tinha alvará para ser posto em liberdade e nunca foi encontrado. Segundo alguns presos ele teria sido morto e esquartejado e as partes do seu corpo desovadas em sacos de lixos. O secretário Sebastião Uchôa à época, afirmou publicamente que ele teria escapado através de fuga facilitada, mas não soube justificar, quanto a sua liberdade que seria no dia seguinte ao desaparecimento. Ronalton, inclusive já havia sido informado pela própria família, o que não justificaria nem tentativa de fuga, quando mais a concretização dela. O secretário nunca fez os devidos esclarecimentos sobre as suas declarações públicas e nem foi questionado pelo Ministério Público.
A deputada Eliziane Gama, presidente da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Assembleia Legislativa do Estado, recebeu hoje um comunicado da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária, informando que a direção do Sistema Penitenciário está realizando diligências no sentido de apurar o desaparecimento de Rafinha. Se for com a mesma incompetência e engodo do caso Ronalton, a impunidade será bem sucedida. No caso descoberto hoje, comenta-se que as câmeras de monitoramento teriam flagrado presos lavando a cela em que o desaparecido se encontrava, o que se subtende que a execução também foi gravada.
Diante da seriedade dos desaparecimentos dos dois presos, outros assassinatos, barbáries, fugas e tentativas, tráfico de drogas e armas e tantas outras mazelas que estão no submundo da criminalidade que impera no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, muito oportuno seria a convocação de Sebastião Uchôa pelo parlamento estadual para prestar os devidos esclarecimentos, já que ele é cidadão maranhense com todo o reconhecimento do Poder Legislativo.
Como ontem ele foi enaltecido pelo presidente Arnaldo Melo, por ocasião da entrega do titulo de cidadão maranhense que lhes foi concedido pela casa, não será surpresa alguma se amanhã ele vier a ser condecorado com Medalha Manoel Beckman, a maior comanda do Legislativo Estadual, como reconhecimento pelas dezenas de assassinatos no Sistema Penitenciário do Maranhão, na sua macabra administração à frente da Sejap.