O papa Francisco afirmou que a pedofilia é uma “lepra” que atinge cerca de 2% da Igreja Católica, em todas as suas instâncias, passando por sacerdotes, bispos e cardeais, em uma entrevista concedida ao jornal italiano “La Repubblica” e veiculada neste domingo (13).
“Muitos de meus colaboradores que lutam comigo dizem ter dados confiáveis de que a pedofilia dentro da Igreja está em um nível de 2%”, afirmou Francisco ao jornalista Eugenio Scalfari, ressaltando que o índice é baixo, mas preocupante. “Este dado deveria me tranquilizar, mas devo confessar que não me tranquiliza. Considero isso muito grave. Dois por cento dos pedófilos são padres, bispos e cardeais”, disse Jorge Mario Bergolio, que assumiu a liderança da Igreja Católica em março do ano passado.
Para Francisco, “essa situação é intolerável” e, por isso, ele pretende “enfrentá-la com a seriedade que exige”. “A corrupção de uma criança é a coisa mais terrível e inunda que se pode imaginar. A Igreja luta para que o vício seja erradicado e a educação, recuperada. Mas nós também temos essa lepra em casa”, comentou o papa.
Na entrevista, que foi publicada em três páginas, com destaque, na edição deste domingo do jornal, Francisco também falou sobre a corrupção e a máfia, temas recorrentes em seus discursos e homilias. “As nossas denúncias contra a máfia não serão feitas apenas uma vez, mas sim, de maneira constante”, destacou Francisco.
Após a repercussão da entrevista, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que nem todas as frases publicadas pelo jornal foram pronunciadas “textualmente” pelo papa, principalmente a de que há pedófilos entre os cardeais.
Lombardi também criticou outro trecho da entrevista, que dizia que Francisco prometera uma “solução” para a questão do celibato na Igreja Católica. Para o porta-voz, a matéria publicada pelo “La Repubblica” não pode ser considerada uma entrevista “no sentido normal do termo, como se fosse reportada uma série de perguntas e respostas que refletem com fidelidade e certeza o pensamento preciso do interlocutor”.
Logo no início da matéria, o jornalista Eugenio Scalfari afirma que a entrevista faz parte de uma conversa que teve com Francisco no dia 10 de julho, às 17h de Roma. Este teria sido o terceiro encontro entre o repórter e o Pontífice.