Eles pedem mais antenas nas regiões periféricas da cidade, barateamento da tarifa e melhora no atendimento para reclamações e serviços
A chegada de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) à empresa de telefonia Claro, na Rua Flórida, foi marcada por uma confusão. De acordo com os integrantes do movimento, eles foram provocados, por seguranças da empresa e reagiram, provocando um empurra-empurra na portaria. Um grupo de aproximadamente 100 pessoas conseguiu entrar no pátio da empresa. Segundo o MTST, um dos vigilantes apontou uma arma. A Claro ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
– O segurança começou a ameaçar e ofender as pessoas e houve uma exaltação de ânimos. Estávamos aqui fora, o objetivo não era entrar ou causar qualquer tipo de confusão, assim como fomos recebidos na Oi – explicou Guilherme Boulos, um dos coordenadores do MTST. Ismael Monteiro, 41 anos, estava na porta, quando começou o tumulto. “Eles chamaram a gente de vagabundo, de bando de marginais, e não somos nada disso. Somos trabalhadores e estamos aqui para lutar pelos nossos direitos”, relatou o manifestante, que informou ser cliente da operadora.
Após a intervenção da Polícia Militar (PM), o grupo deixou o estacionamento. “Vamos apresentar a nossa pauta de reivindicações como estamos fazendo em todos os outros casos”, informou o coordenador. Sobre o encontro na Oi, Boulos disse que foram indicados 56 bairros da cidade onde o sinal da operadora não funciona. “Falta investimento em infraestrutura para isso e eles se comprometeram a dar um retorno”, declarou. Há pouco um grupo de integrantes do MTST foi recebido por representantes da Claro.
Ele reforçou que essas reivindicações às operadoras são pontuais, pois o principal ponto está sendo apresentado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), onde um grupo também protestou. “Queremos que sejam feitos os investimentos previstos em contratos de concessão. “Após a privatização, haviam uma série de investimentos previstos que não foram feitos, então há condição, inclusive, para revogar contratos e reestatizar as empresas”, avaliou.
O vigilante João Evangelista de Jesus, 49 anos, participa da ocupação Vila Nova Palestina e reclama do serviço prestado pelas operadoras. “Lá, onde eu moro (extremo sul de São Paulo), a TIM quase nunca pega. Tenho três chips, mas de que adianta a promoção se não funciona?”, reclamou. Por outro lado, no bairro Brooklin, onde trabalha, ele diz que nunca tem problemas. “Na periferia falta tudo, mesmo quando a gente paga diretamente pelo serviço”, lamentou.
Serviço de telefonia
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fizeram nesta quarta-feira manifestações simultâneas em sedes de operadoras de telefonia, na capital paulista. O grupo que se concentrou na Estação Vila Olímpia, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos chegou em frente a sede da Oi, na Rua Doutor Cardoso de Melo. Uma comissão foi recebida pelo diretor de relações institucionais da empresa, Vicente Lima Correia.
Eles pedem mais antenas nas regiões periféricas da cidade, barateamento da tarifa e melhora no atendimento para reclamações e serviços. A operadora se comprometeu a fazer estudos sobre os pedidos e apresentar uma resposta na próxima semana.
Esse mesmo grupo seguiu para outra empresa de telefonia. A coordenação informou que eles foram para a sede da Claro, na Rua Flórida, no Brooklin. O movimento estima que 3 mil pessoas participaram da marcha. A Polícia Militar contabilizou 500 pessoas. De acordo com o MTST, também houve manifestações nas sedes da TIM e da Agência Nacional de Telecomunicações.
– Em regiões como o Jardim Ângela (Zona Sul), o sinal de telefonia móvel é muito precário – reclamou Jussara Basso. Na agência reguladora, eles pedem a reestatização do sistema de telefonia brasileira e mais fiscalização.
Guilherme Boulos, um dos coordenadores do movimento, reforçou que, se não houver resposta no prazo acordado, o MTST deve fazer novas manifestações. “Eles disseram que em regiões onde já há antenas é possível aumentar para melhorar o serviço”, disse após a reunião com a direção da Oi.
- – A nossa pauta foi tratada, é claro que não depende só daqui, o outro lado está sendo tratado na Anatel, que estabelece as regras. Nós vamos acompanhar, se o prazo não for cumprido, a gente volta para cá de novo – declarou o coordenador.