Polícia Federal identificou 16 entregas de dinheiro em benefício prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes, e do deputado Wilson Siqueira (PTB-PB). Pagamentos foram feitos em diferentes locais de Brasília e da Paraíba. Em uma das ocasiões, os agentes flagraram Bosco colocando na cueca R$ 25 mil.
A Polícia Federal identificou 16 entregas de dinheiro em benefício prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes, e do deputado Wilson Siqueira (PTB-PB). A informação é da coluna do jornalista Fausto Macedo no jornal O Estado de S.Paulo, segundo o qual a investigação apurava o pagamento de propinas em obras da adutora Capivara, no sertão paraibano.
Segundo o jornal, os pagamentos foram feitos em diferentes locais de Brasília e da Paraíba. Em uma das ocasiões, os agentes flagraram Bosco colocando na cueca R$ 25 mil, valor que, posteriormente, seria entregue a Santiago.
Tanto o parlamentar quanto o chefe do executivo municipal paraibano foram alvo da Operação Pés de Barro na manhã desse sábado (21). O ministro determinou o afastamento do cargo de ambos e ainda decretou a prisão de João Bosco Fernandes.
Segundo a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República em exercício José Bonifácio Andrada contra a dupla e mais cinco pessoas, o encontro em que o prefeito colocou dinheiro na cueca, ‘alegando que a camisa seria curta’, foi no dia 23 de outubro no hotel ‘Vó Ita’, no município de Souza.
Conforme a PGR, entre outubro de 2018 e novembro de 2019, a empresa Coenco Construções, responsável pela obra da adutora Capivara, teria pago R$ 1,2 milhão em propinas ao parlamentar e R$ 633 mil em vantagens indevidas ao prefeito.
Ainda pelo documento, em tal encontro, o prefeito cobrou de George Barbosa, executivo da Coenco, R$ 200 mil que ainda estavam faltando das propinas acertadas no âmbito do esquema de desvio de recursos. Entretanto, o empresário disse que só havia levado até o hotel R$ 25 mil para que João Bosco entregasse a Evani Ramalho, secretária parlamentar de Wilson Siqueira, apontada como suposta gerente das propinas recebidas de George Barbosa.
Em seguida, o motorista da Secretaria de Governo e Articulação Política do Município de Uiraúna Severino Neto, também investigado no esquema, teria entregue o dinheiro ao motorista de Wilson Santiago, na noite do mesmo dia.
A denúncia da PGR imputa aos investigados os crimes de corrupção e formação de organização criminosa, além de pedir o ressarcimento de R$ 14.894.713,74 aos cofres públicos. A peça ainda apresenta relatos de outras 15 entregas de dinheiro, a maioria delas relacionadas a Evani Ramalho, suposta operadora das propinas.
A PGR afirma que os encontros teriam acontecido em diferentes locais, de estacionamentos de hotéis e supermercados, a praça de alimentação de aeroporto e até mesmo na sede do Partido Trabalhista Brasileiro em João Pessoa.
A defesa do deputado Wilson Santiago informou que “recebe com respeito e acatamento a decisão do Ministro Celso de Mello. Está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados”.
O parlamentar, por nota, também se defendeu: disse ter sido surpreendido pela Operação da Polícia Federal. “A operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho, o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe favorecesse na operação que foi alvo de prisão. O delator busca a todo momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e criminalizar o trabalho parlamentar.
Fica evidente, que o delator usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar condenação na Operação Feudo. Temos certeza que esse tipo ação criminosa será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém dessas práticas. Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a disposição da Justiça para colaborar em todo o processo.”
O PTB informou que acompanhará o andamento das investigações e que “espera que Wilson Santiago consiga provar sua inocência.” Os demais investigados, por meio de suas respectivas defesas, não se pronunciaram.
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