Por algumas vezes fui surpreendido com entrevistas do deputado estadual Othelino Neto, defendendo políticas públicas e colocando algumas delas como condição para continuar na base do governo. Como parlamentar e por três vezes presidente da Assembleia Legislativa do Estado, nunca fez e nem procurou fazer, e muito menos cobrou do governador Flavio Dino, políticas públicas.
Qual foi a posição pública do Othelino Neto para a fome, a miséria, a exclusão social, a expulsão de milhares de posseiros das duas terras, o saneamento básico, a saúde e até o caso dos respiradores para a covid-19, que gastaram o dinheiro público e não receberam, que poderiam ter salvos muitas vidas. Nenhuma. Como presidente da Assembleia e trânsito livre no Palácio dos Leões, não adotou pelo menos simbolicamente com gestos, a defesa dos direitos e a dignidade humana do povo que lhe outorgou mandato de parlamentar e do amigo governador. A verdade é que o governo Carlos Brandão herdou problemas sérios do seu antecessor.
O ex-presidente do parlamento estadual perdeu a legitimidade de pelo menos falar em políticas públicas, por não saber e nem vivenciar efetivamente, uma realidade que lhes é totalmente desconhecida. Ela é citada como argumento para tentar criar um grupo de oposição no parlamento, mas como não é confiável aos colegas, a tendência é que esteja no caminho do ostracismo, levando o seu passado marcado por muitas traições políticas, em que nem o seu grande benfeitor Flavio Dino, escapou.
Quando Flavio Dino acordou com o governador Carlos Brandão, que ele assumiria a presidência do PSB no Maranhão, a bancada do partido concordou plenamente e aliados de outras siglas partidárias. Othelino Neto ameaçou, que ele e a sua esposa senadora na vaga de Flavio Dino deixariam a base do governo e seriam oposição, foi interpretado como atitude pretensiosa, inconsequente e sem um mínimo de noção do ridículo, diante da sua falta de liderança e credibilidade entre os seus pares.
Sofrendo atualmente crise da abstinência de recursos públicos desde que deixou a presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão, o deputado Othelino Neto (PC do B) tornou-se, agora líder de uma rebelião contra o governador Carlos Brandão e a presidente do Legislativo Estadual, deputada Iracema Vale. A causa desse movimento de quase nenhuma adesão seria apenas a sua desesperada tentativa de retomar o controle da AL, ou então, de ser indicado para uma vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com isso, vem provocando desconforto dentro do grupo que foi montado pelo governador Brandão e pelo ex-governador e atual ministro do STF, Flávio Dino. Utilizando um discurso de modernidade e de esquerda, tanta enganar os incautos, uma vez que sua carreira é pautada por oportunismo e traições. Sem respaldo popular, iniciou sua carreira política com dois retumbantes fracassos. Foi derrotado nas duas tentativas de se eleger vereador. Uma por São Luís e outra na cidade de São José de Ribamar.
Em 2001, aliou-se ao então deputado federal Sarney Filho, à época presidente estadual do Partido Verde (PV), e se propagou como o maior defensor do meio ambiente do Maranhão. Era o governo de Roseana Sarney e ele foi nomeado secretário de Estado do Meio Ambiente. Isso depois de passar anos a fio criticando o grupo Sarney, através de uma coluna que ele assinava em determinado matutino local.
Mas estava, agora, tudo bem com os Sarney. Ele chegou a afirmar pelo jornal O Estado do Maranhão, que Sarney Filho era nome ideal para ser governador do Maranhão. Em 2004, na esteira do rompimento de Zé Reinaldo, que havia assumido o governo no lugar de Roseana, por divergências familiares, Othelino Neto imediatamente adere ao governo do momento e a família Sarney volta a ser alvo de sua artilharia.
O oportunismo se mostrou latente naquele momento para Othelino Neto principalmente após a formação do movimento Frente de Libertação pelo Maranhão, que levou Jackson Lago ao poder. Passou a atuar como se fosse uma forte liderança. A partir daí, Sarney Filho e a família que o haviam presenteado com o cargo de secretário, passaram à condição de inimigos mortais. Continuou à frente da pasta ambiental até que se candidatou a deputado estadual, não mais pelo PV, mas agora pelo PPS.
Ficou na suplência, mas a sorte lhe sorriu, em 2012, o titular, Luciano Leitoa se elege prefeito da cidade de Timon e Othelino é titularizado na Assembleia Legislativa em 2013. A convite de Flávio Dino, migra para o PC do B. Reeleito em outubro de 2014, tomou posse em fevereiro de 2015, elegendo-se 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, na chapa que teve o saudoso Humberto Coutinho como presidente. Em janeiro de 2018, assume a presidência da Assembleia, com a morte de Coutinho.
Já montado na formidável estrutura da Assembleia, no mesmo ano se reelege deputado e, em 1º de fevereiro de 2019, tomou posse para o exercício do seu 3º mandato, sendo eleito, novamente para a presidência da Assembleia Legislativa para o biênio 2019-2020.
Em 6 de maio de 2019, Othelino Neto foi reeleito à Presidência da Assembleia para o exercício do biênio 2021/2022, sempre com apoio de Flávio Dino, então governador do Maranhão.
Nem mesmo Flávio Dino escapou de sua sanha traidora. Na eleição municipal de 2020, Flávio Dino e Brandão deram sustentação ao então deputado estadual Duarte Júnior. Othelino Neto contrariou o grupo e foi apoiar o candidato do senador Weverton Rocha. Ao ser cobrado por Brandão, respondeu com ironia, posando junto com Weverton em Barreirinhas, cada um com uma camisa com a inscrição “deserte-se”. Numa referência à fala de Brandão, ao dizer que alguns aliados haviam desertado.
No seu bailado de rasteiras e oportunismo, imaginou que Weverton Rocha seria governador do Maranhão na última eleição. Iniciou a campanha com ele, mas, ao perceber que Brandão venceria o pleito, voltou para o grupo, então liderado por Flávio Dino, traindo agora a Weverton Rocha. Há quem diga que os dois estão aliados no momento, numa ofensiva contra Brandão e Iracema Vale.
No atual governo, foi contemplado com o cargo de titular da Secretaria de Representação Institucional do Maranhão em Brasília (Rebras). Mas como tudo para ele é sempre muito pouco, preferiu tentar dividir o grupo, visando forçar seu retorno à direção da Assembleia, o que praticamente impossível. Esta é a trajetória de um político, que começa a sentir que está a caminho do ostracismo, a não ser que venha a se recompor, o que a estas alturas já é um tanto difícil.
Fonte: Aldir Dantas
Publicado em 21 de março de 2024
Tem um detalhe, jornalista Dantas, uma das primeiras vítimas de Othelino Neto foi o então vereador Pedro Celestino, ainda no PV.