O Governo do Estado demonstra que está dando atenção apenas para a corrupção praticada na Secretaria de Estado da Saúde e nas negociatas do governo de Roseana Sarney com a construtora Constran para o pagamento de um precatório milionário mediante propina de milhões de reais. As corrupções deslavadas praticadas na então Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária e no Detran, que registraram desvios de milhões de reais de maneira altamente dolosa, em que gestores das duas instituições identificados com políticos e a participação de várias empresas prestadoras de serviços sangraram criminosamente cofres públicos, parecem não merecer a devida atenção dos atuais dirigentes do Poder Executivo. As negociatas eram tão vergonhosas, que a SEJAP fez um contrato com a empresa Gestor Ltda, no valor de R$ 1,5 milhão por mês para garantir emprego a mais de 100 pessoas, sem a necessidade de trabalhar. Dentre os interessados que integraram a corrupção tem muita gente metida a séria, conforme lista em meu poder, com documento comprobatório de toda a corrupção, contando até com publicações no Diário Oficial do Estado.
Durante dois anos foram mortas 88 pessoas dentro das unidades prisionais do Maranhão, com a concentração maior no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. A onda criminosa tomou dimensão altamente elevada, a partir da decisão da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária, alegando imputações desonestas a agentes e inspetores penitenciários de que seriam os mentores dos problemas no Complexo Penitenciário, decidiu retirá-los de todas as unidades, com a exceção dos que eram subservientes ao incompetente e irresponsável secretário. Na verdade entrou em jogo, uma articulação criminosa para lesar os cofres públicos com contratos milionários com as empresas VTI, Atlântica, Gestor e inúmeras outras com a contratação de pessoal a peso de ouro. O negócio tão vergonhoso retirou recursos federais que deveriam ser utilizados para dar um mínimo de dignidade aos presos e foram desviados para a terceirização, o que deveria ser apurado pelo Ministério Público Federal. A partir daí com as unidades dirigidas por elementos altamente despreparados, a corrupção prosperou, as fugas, as barbáries, as escavações de túneis, o comércio de drogas e armas dentro dos presídios ficaram banalizados.
Diante da omissão comprometedora da governadora Roseana Sarney e a voracidade em incrementar cada vez mais a corrupção, o então Secretário de Justiça e Administração Penitenciária, decidiu colocar na direção da Casa de Detenção, o elemento Cláudio Barcelos, hoje com prisão preventiva decretada e foragido, que se tornou um negociador de saídas de presos de justiça. Através dele, três assaltantes de bancos saíram pela porta da frente com autorização por escrito, que teria lhe rendido mais de 300 mil reais.
A esculhambação era tão grande, que colocou o Estado do Maranhão no centro da desmoralização mundial como referência de violência, até que chegou ao limite da pressão que a governadora vinha sofrendo de políticos aliados, que ela teve que exonerá-lo, atendendo também o clamor público, quando ela mesma assistiu ao vivo a Globo News mostrando presos tentando fugir do Complexo de Pedrinhas.
Quando os deputados federais da Comissão Parlamentar do Sistema Carcerário realizaram uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, ficaram estarrecidos com as oitivas das entidades que prestaram importantes informações sobre as barbáries praticadas no Sistema Penitenciário do Maranhão. O que mais chocou os parlamentares foram as declarações da senhora Maria da Conceição Rabelo, mãe do preso Ronalton Silva Rabelo, que despareceu do Cadeião do Diabo, na véspera de ser colocado em liberdade por ordem judicial. Ela afirmou aos deputados federais, que o secretário Sebastião Uchôa e o delegado Larrat, até hoje diretor de segurança do Complexo de Pedrinhas, lhes afirmaram que o seu filho havia escapado da prisão através de fuga facilitada, mas quando ela justificou que ele sabia que seria posto em liberdade mediante de um habeas-corpus, os dois não souberam justificar e até trataram de dificultar qualquer encontro dela com eles. Ela esperava vê-los na audiência pública, mas apesar de terem sido convidados, simplesmente não compareceram.
Por ocasião do da visita ao Maranhão, do Relator Especial do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Juan Ernesto Méndez e uma equipe de assessores de alto nível, durante o encontro que teve com a diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos do Sistema Penitenciário na sede da entidade, ficaram estarrecidos com a informação de que nenhum gestor da administração do Sistema Penitenciário tenha sido responsabilizado criminalmente pelas mortes de pessoas, que estavam sob a custódia do Estado. Pelo menos até hoje não se tem conhecimento de qualquer atitude nesse sentido pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado.
