Infelizmente, a banalização da violência é uma realidade no Maranhão. Assassinatos, assaltos, arrombamentos com explosões de caixas eletrônicos e saidinhas bancárias, já não surpreendem ninguém, assim como as agências dos Correios, continuam sendo vulneráveis aos bandidos. Se hoje existe algum planejamento estratégico de prevenção dentro do contexto do Sistema de Segurança Pública, deve ser bastante inexpressivo ou simplesmente inexpressivo. Os casos registrados no município de Monção, que em apenas um mês foram assaltados uma agência bancária e uma agência dos Correios e posteriormente a explosão de um caixa eletrônico, se constituiu em uma demonstração plena de que apesar dos fatos terem sido sequenciais, em momento algum houve qualquer tipo de prevenção. Essa referência é que infelizmente toma conta do Maranhão e causa prejuízos sérios a milhares de pessoas pobres e humildes e aos pequenos comerciantes das cidades que tiveram agências bancárias explodidas por bandidos. Por não terem garantia da segurança pública, os bancos não estão reconstruindo as agências, o que com certeza agrava problemas sociais.
Até às sete horas do último sábado, a estatística da Secretaria de Segurança Pública indicava 64 mortes. O interessante é que há uma acentuada preocupação de um comparativo com os crimes violentos praticados o ano passado e serve para uma hipocrisia vergonhosa, quando em algum mês de 2015, os números foram menores em relação a 2014, para alarde de que está havendo redução da violência, até mesmo nos números gerais, qualquer diferença inferior não motiva qualquer tipo de comemoração, uma vez que não existe politica efetiva de enfrentamento, e os fatos do cotidiano, os quais estão no limite da intolerância, infelizmente são compartilhados pelo Ministério Público Estadual. Se o ano passado o problema já era intolerável, se fazer comparações é simplesmente se apostar no pior para o povo maranhense. A verdade é que o Governo do Estado, ainda não conseguiu definir uma politica séria e competente para o enfrentamento à violência e se prevalece desse tipo de instrumento para tentar enganar a opinião pública, mesmo diante de uma realidade crescente e bastante assustadora e revoltante.
Por sucessivas vezes, aqui já fiz observações sobre o avanço audacioso da droga, com um enfrentamento bem tímido e que geralmente chega apenas aos traficantes da ponta e nunca aos grandes contraventores e distribuidores. As centenas de assaltos diários, em que o celular e outros objetos pessoais são o alvo dos bandidos, ninguém se preocupa em procurar as autoridades policiais, justamente em razão de que os crimes são praticados abertamente nas ruas e logradouros públicos a qualquer hora do dia, com os autores convictos de que não serão importunados.
O grande cerne do problema, é que o enfrentamento a violência continua bastante deficiente, não de agora, mas ganhou uma maior celeridade no atual governo, a partir da iniciativa do governador e acatada pela Assembleia Legislativa, quando de maneira nada transparente aprovou um Projeto de Lei de Mobilidade Urbana, no qual estavam embutidas mudanças na lei para retirar da Policia Militar, oficiais superiores que deveriam permanecer em seus postos por 08 anos, a redução imediata para 05 anos, sem observância aos direitos adquiridos. De impacto se retirou da Policia Militar oficiais altamente capacitados e que estavam em plena ação de treinamento do pessoal das unidades, principalmente nas questões inerentes ao planejamento estratégico. Ao penalizar os oficias da PM, se atingiu a instituição e por extensão a população maranhense. A Policia Militar perdeu bastante, e a partir dali os reflexos dos problemas foram demonstrados em público, sendo um dos últimos a exoneração do subcomandante da PM, coronel Raimundo Sá, o que até hoje não ficou bem claro. O que tem prevalecido na Policia Militar é o crescimento acentuado de coronéis. Para um contingente de aproximadamente 7.500 homens, o Estado Maior da PM conta com 35 coronéis, enquanto a Policia Militar de São Paulo com mais de 100 mil homens tem apenas 60 coronéis. Na Policia Civil, o problema também foi criado pelo atual governo ao privilegiar delegados com reajustes salariais condizentes e não ter olhado da mesma maneira os policiais civis, criando um enorme abismo salarial entre as duas categorias, o que deu origem a uma greve, que pode ser contornada com a suspensão provisória, se o governador fizer a sua parte para diminuir a diferença entre as categorias, conforme assegurou às lideranças do movimento paredista.
Tentar se cobrar e responsabilizar a Secretaria de Segurança Pública e da Policia Militar, pela violência exacerbada que está posta para nós todos os dias é muito fácil. Entendo, que a maior responsabilidade é do Governo do Estado, do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Ministério Público, da Câmara Municipal e do Prefeito de São Luís e dentro de um contexto maior, envolvendo todas as instituições públicas, que já deveriam ter feito um pacto contra a violência, conclamando a união de todos com a sociedade civil organizada para dar um basta na triste realidade com politicas públicas efetivas, principalmente neste momento de crise, Falar de Paz e muito bom e importante, mas não se fazer nada em favor dela, não passa de mais hipocrisia, que tem avançado com grande intensidade neste Maranhão sofrido. Colocar em discursos que a violência é um problema nacional, não deixa dúvidas de que são manifestações furtivas de quem não quer assumir a sua devida responsabilidade na gestão pública.
