Levantamento mostra que mais de dois terços dos editoriais publicados entre 2024 e 2025 foram contrários ao Planalto e ao Supremo. Um estudo inédito do Ranking dos Políticos analisou os editoriais publicados entre 2024 e julho de 2025 em jornais no país e revelou um cenário de forte predominância crítica em relação ao governo Lula (PT) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o levantamento, mais de dois terços dos textos expressaram posições contrárias, consolidando a imagem de uma imprensa vigilante e, muitas vezes, dura em suas avaliações. O estudo buscou identificar se os editoriais publicados foram predominantemente favoráveis, neutros ou contrários ao governo Lula e ao STF, seus representantes e ações. Também foi analisado quais fatores temáticos mais influenciaram as posições editoriais.
“Nosso propósito é contribuir para uma compreensão mais profunda do papel da imprensa tradicional na política brasileira e de como seus editoriais refletem e moldam a agenda pública”, declarou Luan Sperandio, diretor de operações do Ranking dos Políticos.
No campo econômico, o resultado foi quase unânime: os veículos reprovaram a condução fiscal do governo, apontando riscos de desequilíbrio das contas públicas e classificando medidas de aumento de gastos como populistas. A política externa também foi alvo recorrente, especialmente em função da aproximação do presidente com regimes autoritários, como o de Nicolás Maduro. Ainda assim, houve reconhecimento pontual a iniciativas como a visita oficial ao Japão. O estudo também mostra uma novidade importante: o STF, que antes ocupava papel secundário nos editoriais, passou a ser um dos protagonistas das críticas.
O tom predominante é contrário, indicando preocupação com os limites da atuação judicial. Decisões ligadas à liberdade de expressão, como a suspensão da rede social X (antigo Twitter), e episódios de ativismo judicial foram apontados como excessos. Em comparação com 2023, os dados revelam uma queda significativa nos editoriais classificados como positivos ou neutros em relação ao governo Lula. Se no início havia uma espécie de voto de tolerância, confiança e expectativa diante do novo mandato, a partir de 2024 a imprensa passou a adotar um tom mais sistemático de crítica.
“Com o arcabouço fiscal e a insistente busca por aumento de tributação para equilibrar as contas públicas, aquele voto inicial de confiança deu lugar a críticas mais duras. Soma-se a isso as trapalhadas na articulação política e decisões casuísticas ou improvisadas, que desgastaram a reputação do governo e abriram espaço para um escrutínio muito mais intenso por parte da imprensa”, afirmou Sperandio.
Metodologia
A seleção dos veículos de informação foi baseada em critérios como influência, tradicionalismo e audiência (todos possuem mais de 100 mil assinantes ativos), e busca representar um espectro amplo da mídia brasileira. A análise considerou os editoriais publicados ao longo de 2024 e até julho de 2025. Foram incluídos apenas os editoriais de veículos que abordaram temas de relevância nacional diretamente relacionados à administração do Executivo federal, a seus representantes ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). O recorte também contemplou menções a outros Poderes, posicionamentos e atuações de Ministros de Estado, bem como a visão dos veículos sobre a defesa de projetos de lei, julgamentos e políticas públicas.
Jornal da Cidade Online