Dom Luiz D’Andrea deu muitos exemplos de comunhão com os pobres e oprimidos
Foi muito emocionante e tocou profundamente a sensibilidade do Povo de Deus da Diocese de Caxias, a trasladação dos restos mortais do bispo Dom Luís D’Andrea, de Roma para ser colocado no mausoléu da catedral da cidade. Dom Luís D’Andrea foi bispo de Caxias de janeiro de 1988 a 19 de junho de 2010. Ao ser substituído pelo atual bispo Dom Vilson Basso, ele decidiu passar uma temporada em Roma, mas com um projeto de voltar a viver na cidade de Caxias. Muito embora fosse italiano, se referia a Caxias como a sua terra e a ela muitas vezes manifestou o seu grande amor, em reuniões, celebrações e nos grandes momentos de emoção. Durante o período em que estava em Roma, foi acometido de uma enfermidade e já aos 78 anos não conseguiu resistir e veio a falecer. O seu desejo de ser sepultado na cidade em que foi bispo por 22 anos, somente ocorreu agora, com a importante participação do bispo atual da diocese, Dom Vilson Basso, que tratou da trasladação e trouxe os restos mortais de Dom Luís D’Andrea de Roma para Caxias, cumprindo o desejo do bispo emérito e do Povo de Deus de toda a diocese.
Dom Luís D’Andrea era bem conhecido pelas suas manifestações solidárias e fraternas, mas era muito determinado quando da necessidade de tomar posição. Recordo-me plenamente, de que o juiz de direito da Comarca de Parnarama, em decisão intempestiva para satisfazer interesses de latifundiários e grileiros expediu mandado de interdito proibitório impedindo o bispo de visitar o Povo de Deus, de uma comunidade sitiada por jagunços e pistoleiros, destacando que nem alimentos ele poderia doar para a comunidade, onde havia dezenas de crianças e centenas de idosos. Dom Luís D’Andrea sem temer ordem de prisão e nem a presença de pistoleiros e jagunços e até mesmo da Policia Militar voltou à comunidade e consigo conduziu alimentos, exercendo a sua missão profética. Sou testemunha presente do ato público realizado em frente a matriz de Parnarama, contra a opressão aos trabalhadores e trabalhadoras rurais e em defesa do direito democrático de ir e vir do bispo de Caxias, que contou com a participação de padres da diocese, do bispo Dom Xavier Gilles, do então secretário da CNBB, padre Marino Bonh, do padre Flávio Lazzarin e Pedro Marinho, da coordenação da Comissão Pastoral da Terra e do considerável número de lideranças comunitárias, de pastorais e movimentos da Igreja Católica.
Dom Luís D’Andrea foi durante muitos anos, bispo referência da Pastoral Familiar, com muita dedicação e orientação sendo um dos responsáveis pelo desenvolvimento dela em todo o Maranhão, sempre com mensagens afetivas às famílias e de construções coletivas de paz e amor.