Quando a Natureza se enfurece com o desrespeito e se agiganta como vulcões adormecidos e tornados nervosos

                                                                                       José Olívio Cardoso Rosa

O Riacho do Curimatã é um velho conhecido nosso, colinenses da gema! Suas águas enfurecidas arrastam tudo que ouse a lhe antepor, derrubando árvores, levando serpentes, casas periféricas, não aceitando, portanto, qualquer imposição feita pelo homem, num frontal desrespeito à Natureza.

Arrastando pontes, destruindo barragens e, até mesmo, ceifando vidas de alguns incautos, que ousem desafiar suas águas nervosas em forma de correntezas, formando cascatas ou cachoeiras seguem por alguns lugares, onde passam enfurecidas e rumorejantes!

Desperta, tal qual um vulcão adormecido, que, no lugar de soltar larvas, ruge como se fosse a piracema, encarando o mar revolto, paraíso dos surfistas.

A revolta da mãe Natureza não respeita diplomas de engenheiros! Árvore centenária é tombada com a maior facilidade, sem deixar, em nenhum instante, o seu ruído, como se tratasse de uma cachoeira que despenca, ou desce de um lugar bem elevado, lindo para se observar, perigo à vista para quem queira tomar banho, sem avaliar o limo escorregadio, bem como a falta de algo para se segurar.

Portanto, meus conterrâneos colinenses, o Curimatã pede respeito e, com as fortes chuvas, recupera sua dignidade e corta o Rio Itapecuru ao meio, inundando toda a sua parte baixa que chamamos de avazantado, muitas das vezes formando imensos lagos, embora lamentando os prejuízos causados às populações ribeirinhas, pois somos sensíveis e humanos.

São fenômenos que acontecem uma só vez, de beleza inenarrável como deveria, mesmo tendo o seu lado destruidor daqueles que não o respeitaram. O Criador, após longos anos de espera, nos brindou com esse fenômeno antiquíssimo, que agora aflora outra vez, pois, quando dizíamos para nossos filhos quem era esse riacho, não respondiam, mas pensavam: isso é coisa do passado! Curimatã, as tuas águas não só fazem belo o leito arenoso por elas lavado, como também lava o peito desse conterrâneo que nunca esqueceu de ti.

 * José Olívio de Sá Cardoso Rosa é advogado, poeta e escritor

 

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