O Estadão se rende a realidade e admite corrupção petista

Um pouquinho de responsabilidade começa a surgir em alguns veículos da velha mídia. Diante da indecência perpetrada pela Rede Globo, através do apresentador Willian Bonner, o jornal Estadão resolveu se posicionar com mais firmeza.

Bonner iniciou a sabatina do Lula com a seguinte frase:

“O Supremo Tribunal Federal deu razão, considerou o então juiz Sérgio Moro parcial, anulou a condenação do caso do tríplex e anulou também outras ações por ter considerado a vara de Curitiba, incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça”, disse ele. Diante dessa barbaridade, o Estadão se dispôs a refrescar a memória dos brasileiros. Certamente, doeu a consciência.

Eis o texto:

Lula e a sombra da corrupção

“Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato do PT à Presidência da República, Lula da Silva, finalmente reconheceu a existência de corrupção nas administrações petistas. “Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)”, disse Lula, ao ser questionado sobre desvios de recursos públicos durante as gestões do PT. A admissão dos erros, no entanto, parou por aí, como se a corrupção nos governos petistas tivesse existido contra a vontade do partido. Tentando inverter os fatos, Lula deu a entender que os muitos escândalos de corrupção, mais do que revelarem condescendência com o ilícito, indicariam o funcionamento republicano das instituições nas gestões do PT. “A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”, disse.

A habilidade retórica de Lula – quando lhe convém, usa a máscara do comedimento e do equilíbrio – é incapaz, no entanto, de tapar o sol com peneira. Não basta admitir a existência de corrupção nos governos do PT. O ponto é outro. Por que houve tanta corrupção nos governos de Lula e de Dilma Rousseff? O que fez o PT para criar um ambiente tão propício à corrupção?

A corrupção nos governos petistas não é um efeito colateral ocasional, tampouco reflexo de um sistema corrompido contra o qual é impossível lutar. Houve tantos escândalos de corrupção nas administrações do PT porque a concepção de Estado e de governo do partido propicia enormemente o surgimento desses desvios. A corrupção nos governos de Lula e de Dilma não é fruto do acaso. É fruto de uma concepção de Estado balofo – e, quanto maior o Estado, maiores são as oportunidades de corrupção. É fruto, igualmente, da concepção de política lulopetista infensa ao diálogo, mas aberta a negociar acesso a recursos e cargos públicos em troca de apoio a seus projetos. Por fim, é fruto da tomada do Estado pelos companheiros.

Não basta Lula prometer que não decretará sigilo de 100 anos sobre atos suspeitos do governo – como Jair Bolsonaro tem escandalosamente feito –, se o PT continua defendendo e praticando o aparelhamento político-partidário do Estado. Não basta Lula dizer que todo indício de corrupção será investigado em um eventual futuro governo, se o PT continua defendendo um Estado perdulário e empresário. Se o partido de Lula não mudar suas práticas e sua concepção de governo, continuará impondo ao País um ambiente fértil a todo tipo de corrupção, a desvios de recursos públicos e ao uso do poder estatal para fins privados.

Lula tem razão quando afirma que a Lava Jato ultrapassou, em diversas ocasiões, os limites da lei. Reconhecidas pela Justiça, as muitas nulidades processuais mostram como é inútil combater a corrupção com práticas ilegais. Mas é igualmente inútil prometer o combate à corrupção sem reconhecer suas causas. Com seu patrimonialismo e aparelhamento, o Estado petista é uma eficiente máquina de produzir escândalos de corrupção. E isso Lula ainda não admitiu, menos ainda retificou, por mais que ande agora de braço dado com Geraldo Alckmin.

O ESTADÃO

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