Lula indica diretor do Bradesco para o Ministério da Fazenda

lulaO nome de Luiz Carlos Trabuco, presidente executivo do Bradesco, é uma indicação do ex-presidente Lula para ocupar o cargo de ministro da Fazenda no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, em substituição a Guido Mantega. Lula já o havia sugerido a Dilma em meados do ano passado, quando também tentou emplacar o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no ministério da Fazenda, sem sucesso. Ontem, em uma operação para testar reações, ressurgiu a possibilidade de Trabuco participar do governo, compondo a lista do ex-presidente para o comando da política econômica a partir de janeiro. Nesta lista figuram também o próprio Meirelles e o ex-secretário Executivo, Nelson Barbosa.

A reportagem é de Claudia Safatle, publicada pelo jornal Valor

Dilma, porém, só deverá anunciar suas escolhas para o ministério a partir da próxima semana. Antes ela pretende descansar uns poucos dias em uma praia no litoral da Bahia.

Trabuco é uma pessoa firme, culta e um excelente administrador, na definição de quem o conhece. Sua indicação implicaria uma mudança radical no estilo de governar da presidente reeleita. Ela não teria, por exemplo, liberdade para determinar as bases da política econômica como teve no primeiro mandato.

Temendo perder a reeleição, Dilma procurou o ex-presidente há duas semanas para lhe pedir ajuda. Lula, até então com participação lateral na campanha, usou de todas as artimanhas que conhece para reverter o resultado do pleito. Em uma eleição apertadíssima, salvou o PT na undécima hora. O resgate do crédito acumulado no desempenho da tarefa seria ter espaço para indicar nomes qualificados para a área mais problemática do governo, a economia.

A primeira e mais importante tarefa de quem vier a ocupar a pasta da Fazenda será evitar que o Brasil perca o grau de investimento, conferido pelas agências de rating, que conquistou em 2008, durante a gestão de Lula. Para isso, terá que apresentar uma política fiscal com metas sólidas para os próximos anos.

Do compromisso assumido este ano, de produzir superávit primário de 1,9% do PIB, o governo deve entregar, ao contrário, um déficit primário – o primeiro desde 1997. Não será nada fácil consertar a degradação fiscal.

Sem o grau de investimento – preocupação central de quem, no governo, está medindo a pulsação dos mercados, sobretudo o externo, na fase de transição da política monetária americana – o país poderá sofrer baques no financiamento do balanço de pagamentos. Há uma conta superior a US$ 80 bilhões a ser coberta nas transações externas do país e não há como prescindir do ingresso de dólares. Se sofrer rebaixamento das agências de rating, o crédito para o Brasil ficará escasso, caro, com pressão sobre a taxa de câmbio e sobre a inflação. Além, é claro, de perder o resto de credibilidade que o país ainda tem.

A missão torna-se ainda mais complicada diante da realidade de uma economia que não investe, não cresce e que começará a apresentar sinais mais evidentes de desemprego nos próximos meses. Há uma crise de confiança na gestão Dilma Rousseff que precisa ser revertida para tirar o país da recessão. Um nome forte para a economia é o primeiro passo.

O discurso que fez como presidente reeleita na noite de domingo, porém, não foi tranquilizador. Dilma começou se propondo ao diálogo com as forças contrárias a ela, mas colocou como prioridade número um de seu novo mandato a convocação de um plebiscito para aprovação da reforma política, proposta já rejeitada pelo Congresso. Importantes aliados viram na ideia do plebiscito a tentativa de encurtar caminho para a realização de um sonho do PT, de instituir mecanismos de controle da mídia. “Ela brincou com fogo”, alertou um privilegiado interlocutor do governo e do PT.

Para essas mesmas fontes, é importante que ela compreenda que não teve a votação que imaginava – pouco mais de um terço (1/3) dos eleitores foram as urnas para confirmá-la. Além do que, agora haverá uma oposição que não havia antes e um Senado com nomes fortes do PSDB, a começar por Aécio Neves, que teve 51 milhões de votos.

Fonte – IHUSINOS

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