“Estado deve investir na prevenção do crime, não em cadeias”, diz ministro do STJ

A ideia de que o modelo lavajatista resolveria, no Brasil, o drama da criminalidade — ao menos do chamado “colarinho branco” — naufragou. Quem a condenou desde o início, porém, antes de cantar vitória, herdou uma responsabilidade. A de dizer o que deve ser feito, afinal.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião Reis faz sua parte nesta entrevista. Um dos alvos centrais de seu diagnóstico é a qualidade da investigação no país. Para ele, de nada adianta aumentar penas, construir cadeias ou fazer leis aos montes se o Estado não investir em estrutura, capacitação e tecnologia.

“Temos uma dificuldade natural: a criminalidade não tem regras. Ela age livre e o Estado tem amarras. Isso já é uma situação o que dificulta a atuação do Estado. Se ele, além desse sério problema, ainda tiver que seguir regras, sem estrutura humana e operacional, suficiente com falta de pessoal (juiz, policial, ministério público, peritos, etc), ele não terá condições de enfrentar de forma pelo menos satisfatória o crime organizado. Vamos continuar prendendo o traficante de esquina, o batedor de carteira, aquele estelionatário que fica roubando cartão de crédito. É isso o que vamos fazer e a grande criminalidade continuará agindo e crescendo”, afirma.

“O Estado já entra perdendo. Enquanto a criminalidade age sem regras, o agente público tem as amarras, as leis para seguir. Se além disso tiver dificuldades operacionais como falta de juiz, de Ministério Público, de polícia, não chegaremos a lugar algum”, afirma.

Para o ministro, não existem soluções mágicas que exemplifica com as “delações premiadas”, que à primeira vista pareciam ser panaceia, mas acabaram trazendo mais problemas que soluções. “O crime não se combate com histeria, com notícias de jornal, mas com sobriedade, firmeza e eficiência”, afirma.

Fonte: CONJUR

 

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