Com calote bilionário via CNJ, Itaú anuncia lucro de 55,6% e não informa mercado sobre dívida

O Banco Itaú divulgou na última segunda-feira, 2, um aumento de 55,6% nos lucros no segundo trimestre de 2021, atingindo R$ 6,5 bilhões. O resultado só foi possível porque o banco segue dando um calote de R$ 2,09 bilhões em um acionista, que não recebeu o pagamento por uma decisão ilegal do ministro Luiz Fux, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em setembro do ano passado.

Após ter tido uma ordem de bloqueio determinada pela juíza Rosana Lúcia de Canelas Bastos, o Itaú contratou o advogado Rafael Barroso Fontelles, sobrinho do ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, que acusou a magistrada de ter sido ‘parcial’ em sua decisão, por não ter comunicado o banco previamente sobre o bloqueio. É mais ou menos como se o ladrão anunciasse, um dia antes, que iria ‘limpar’ sua casa. O Itaú queria ter sido avisado sobre o bloqueio.

Interessante observar nos números divulgados pelo Itaú que o índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,3%, valor estável em relação ao trimestre anterior e uma redução de 0,4 p.p. (ponto percentual) em comparação a iguais três meses de 2020.

Já o índice de calotes total de 15 a 90 dias ficou em 2,5%, alta de 0,5 p.p. em comparação ao trimestre anterior e de 1,2 p.p. ante igual período de 2020. Sem dar mais detalhes, o banco afirmou que a alta é efeito de um caso específico de um cliente da América Latina. Excluindo esse caso, a inadimplência total de 15 a 90 dias teria ficado em 1,9%.

Já em relação ao calote aplicado no acionista, cujo processo transitou em julgado, o banco  mais uma vez não comunicou a seus acionistas, nem ao mercado, sobre o provisionamento para quitação da dívida. Pelo contrário, no documento divulgado na última segunda-feira, o Itaú diz o seguinte:

“As provisões relativas às discussões administrativas e judiciais do ITAÚ UNIBANCO HOLDING são de longo prazo, e em virtude do tempo de tramitação desses processos impedem a divulgação de prazo para encerramento. O ITAÚ UNIBANCO HOLDING com base em pareceres de seus assessores legais, não está envolvido em quaisquer outros processos administrativos ou judiciais que possam afetar, de forma relevante, os resultados de suas operações”.

Ou seja, o banco segue contando com a ‘proteção’ da decisão de Fux no CNJ para não pagar uma dívida consolidada por três diferentes perícias, em  um processo onde o banco já foi multado por litigância de má-fé e por mentir para a justiça. Agora, sob o manto da alegada desculpa “com base em pareceres de seus assessores legais”, o banco se nega a avisar os investidores.

Ou o Itaú está mentindo, ou como bem disse Deltan Dallagnol, “In Fux, we trust“. Podemos acrescentar “In Fux and Barrosinho, we trust’.

Fica praticamente impossível acreditar que o banco escolheu o escritório do sobrinho de Barroso aleatoriamente. Também fica difícil aceitar que o  CNJ, órgão responsável por avaliar conduta de magistrados e a organização da justiça, se preste a ser um mero puxadinho de banco caloteiro, contumaz devedor, habituado a não honrar compromissos com seus acionistas.

Abaixo, as alegações que foram feitas pelo sobrinho de Luís Roberto Barroso contra a juíza Rosana Lúcia de Canelas Bastos. É importante observar que elas foram repetidas por Fux, quando levou o caso ao conhecimento dos demais conselheiros. As mesmas queixas foram apresentadas à Corregedoria do TJPA, que julgou improcedente e manteve a magistrada no processo, aguardando apenas o desfecho do julgamento no CNJ. Sabendo da ilegalidade de sua decisão, Fux vem se recusando a pautar a reclamação, enquanto o banco segue tentando afastar a juíza ou declara-la suspeita, para que o processo seja redistribuído e o banco consiga mais tempo de calote.

Fonte: Painel Político

 

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