Especialistas e instituições internacionais fazem alerta para impactos na saúde e na economia Ana Luiza Albuquerque
O último Relatório Mundial nas Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos deu um alerta: “Na medida em que cresce a demanda de recursos hídricos no mundo, diminui a probabilidade do fornecimento de água doce em muitas regiões, como consequência da mudança climática”.
José Tundisi, membro da Academia Brasileira de Ciências e doutor em Ciências pela USP, afirma que a escassez de água já é um problema real, e não mais uma questão com a qual teríamos que lidar no futuro. “Relatórios chamam atenção para isso. Até 2050 isso já vai ser muito claro, são pesquisas baseadas em dados. Ainda não está em nível planetário, mas vamos ter abundância de água em algumas regiões e escassez em outras”, prevê.
A escassez de água causaria, obviamente, mudanças relevantes. “Uma escassez aqui no Brasil poderia ter efeitos catastróficos para a economia, já que oitenta por cento da energia do país vem da água. Também teria aumento de doenças de veiculação hídrica e deterioração da qualidade da água”, aponta Tundisi.
O doutor destaca que a principal saída seria transformar água salgada em água doce: “O custo da dessanilização ainda é alto, mas está baixando. Em alguns lugares isso já é realizado, ou está quase, como Israel, Barcelona e Kuwait”. Ele também sugere outras soluções, como “fazer um grande projeto de proteção para conservar as águas nas bacias hidrográficas e melhorar o reuso e implantar um sistema de conservação nas áreas urbanas e na agricultura”.